Big%20Data

Han, B.-C. (2018). La sociedad del cansancio. Herder.

Recensão

Francisco Welligton Barbosa Jr [2025]

A obra La Sociedad del Cansancio [A Sociedade do Cansaço], escrita pelo filósofo germano-coreano Byung-Chul Han, está dividida em oito ensaios, nos quais o autor nos descreve o que concebe como uma sociedade cansada. Para o autor, trata-se de uma sociedade que busca o rendimento, que se orienta consoante ideais neoliberais, tais como: o sentimento de liberdade e de individualismo. Nesta sociedade, diferente das sociedades disciplinares de que nos fala Foucault, os patrões ou senhores encontram-se internalizados em cada indivíduo. Os indivíduos tornam-se senhores e escravos de si próprios, sentindo-se livres para produzir e consumir excessivamente. Em outras palavras: os indivíduos se sentem livre para render.

Paradoxalmente, enquanto os indivíduos se sentem livres, afirma Byung-Chul Han, nunca foram tão controlados. Orientados segundo a ideia neoliberal de liberdade, os indivíduos desta sociedade consideram-se os únicos responsáveis pelo seu sucesso ou fracasso nas mais diferentes áreas da sua vida – ameaçando, desse modo, o sentimento de comunidade, de lutas por ideais em comum, assim como intensificando uma sensação de desamparo em relação ao Estado.

E o que se configura enquanto sucesso ou fracasso relaciona-se ao cumprimento de metas, de idealizações apresentadas pela cultura e a serem alcançadas – embora nunca o sejam: ideais referentes à família, a relações sociais, ao trabalho e ao consumo – frisando o que atualmente concebemos segundo uma noção de “ostentação”, a ser apresentada a terceiros. Neste panorama, a apropriação da vida gira em torno da busca por alcançar estas metas cada vez mais altas. E o fracasso seria a frustração do indivíduo e o seu sentimento de desamparo diante da percepção de não alcançá-las. O que pode contribuir para um sentimento de exaustão, assim como para gerar adoecimentos psíquicos, como depressão e burnout.

Ainda para o autor, nesta sociedade a vida configura-se conforme uma noção de gerenciamento. É preciso gerenciar a vida, como se esta fosse uma empresa que deve produzir cada vez mais em busca de alcançar estas e outras metas. O que está em pauta, na verdade, é o excesso de trabalho e de consumo. Uma sociedade em que se deve hiperestimular o corpo e a mente a todo o instante, na busca por realizar atividades que visem à produção econômica e ao consumo, que podem variar desde o consumo de objetos, a pessoas e informações.

Ao longo de toda a obra o autor expõe uma tensão que se expressa entre dois termos: a positividade e a negatividade – que, vale ressaltar, não subjazem uma apreciação moral. Para Han, as atividades que se orientam consoante a ideia de positividade são aquelas compreendidas como ações relacionadas a fins econômicos, seja a produção ou o consumo (as atividades relacionadas a uma vida ativa). E as atividades pautadas na ideia de negatividade são as que se orientam com finalidades que não as econômicas. Trata-se das atividades contemplativas (e que estão relacionadas à vida contemplativa). A experiência do ócio, por exemplo. A negatividade deve ser evitada em detrimento da positividade, visto representar uma ameaça aos interesses neoliberais. Desse modo, deve-se evitar qualquer atividade que não se oriente consoante o trabalho e o consumo. É preciso produzir. É preciso render.

A seguir apresentamos alguns trechos retirados da obra.

“En realidad, el sujeto de rendimiento, que se cree en libertad, se halla tan encadenado como Prometeo. El águila que devora su hígado en constante crecimiento es su álter ego con el cual está en guerra” (p. 11)

“La sociedad del siglo XXI ya no es disciplinaria, sino una sociedad del rendimiento. Tampoco sus habitantes se llaman ya «sujetos de obediencia», sino «sujetos de rendimiento». Estos sujetos son emprendedores de sí mismos” (p. 25)

“La sociedad de rendimiento se desprende progresivamente de la negatividad. Justo la creciente desregularización acaba con ella. La sociedad de rendimiento se caracteriza por el verbo modal positivo poder (können) sin límites” (p. 26)

“La positividad del poder es mucho más eficiente que la negatividad del deber. De este modo, el inconsciente social pasa del deber al poder. El sujeto de rendimiento es más rápido y más productivo que el de obediencia. Sin embargo, el poder no anula el deber. El sujeto de rendimiento sigue disciplinado. Ya ha pasado por la fase disciplinaria. El poder eleva el nivel de productividad obtenida por la técnica disciplinaria, esto es, por el imperativo del deber” (p. 27) 

“El sujeto de rendimiento está libre de un dominio externo que lo obligue a trabajar incluso lo explote. Es dueño y soberano de sí mismo. De esta manera, no está sometido a nadie, mejor dicho, solo a sí mismo” (p. 30)

“El exceso de positividad se manifiesta, asimismo, como un exceso de estímulos, informaciones e impulsos” (p. 33)

“La sociedad de trabajo y rendimiento no es ninguna sociedad libre. Produce nuevas obligaciones. La dialéctica del amo y el esclavo no conduce finalmente a aquella sociedad en la que todo aquel que sea apto para el ocio es un ser libre, sino más bien a una sociedad de trabajo, en la que el amo mismo se ha convertido en esclavo del trabajo. En esta sociedad de obligación, cada cual lleva consigo su campo de trabajos forzados. Y lo particular de este último consiste en que allí se es prisionero y celador, víctima y verdugo, a la vez. Así, uno se explota a sí mismo, haciendo posible la explotación sin dominio” (p. 45)

“En ende, al final de su tratado La condición humana, Arendt habla en favor de la vita contemplativa sin pretenderlo. No se percata de que precisamente la pérdida de la capacidad contemplativa, que, y no en último término, está vinculada a la absolutización de la vida activa, es corresponsable de la histeria y el nervosismo de la moderna sociedad activa” (p. 47)

“La vita contemplativa presupone una particular pedagogía del mirar” (p. 49)

“Aprender a mirar significa «acostumbrar el ojo a mirar con calma y con paciencia, a dejar que las cosas se acerquen al ojo», es decir, educar el ojo para una profunda y contemplativa atención, para una mirada larga y pausada” (p. 49).

“Tan solo a través de la negatividad propia del detenerse, el sujeto de acción es capaz de atravesar el espacio entero de la contingencia, el cual se sustrae de una mera actividad. Ciertamente, la vacilación no es una acción positiva, pero vacilar es indispensable para que la acción no decaiga al nivel del trabajo. Hoy en día vivimos en un mundo muy pobre en interrupciones, en entres y entre-tiempos. La aceleración suprime cualquier entre-tiempo” (p. 50).

logos%20cllc

Última atualização em 9 de abril de 2025