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Bruno, F. (2009). Mapas de crime: vigilância distribuída e participação na cibercultura. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.2, maio/ago, 2009.

Recensão

Rui Alexandre Grácio [2025]

"No âmbito geral, designo por vigilância a atividade de observação sistemática e focalizada de indivíduos, populações ou informações relativos a eles, tendo em vista extrair conhecimento e intervir sobre os mesmos, de modo a governar suas condutas ou subjetividades. (…) Proponho o termo vigilância distribuída como definição do estado geral da vigilância nas sociedades contemporâneas. Em linhas breves, trata-se de uma vigilância que tende a se tornar incorporada a diversos dispositivos, serviços e ambientes que usamos cotidianamente, mas que se exerce de modo descentralizado, não hierárquico e com uma diversidade de propósitos, funções e significações nos mais diferentes setores: nas medidas de segurança e circulação de pessoas, informações e bens; nas estratégias de consumo e marketing; nas formas de comunicação, entretenimento e sociabilidade; na prestação de serviços etc. Nota-se que em certos casos ela se exerce misturada a dispositivos que não são prioritariamente voltados para a vigilância, sendo assim uma função potencial ou um efeito secundário de dispositivos que são projetados inicialmente para outras finalidades – comunicação, publicidade, geolocalização etc. (…) A noção de distribuição busca designar um processo amplo e espraiado, mas descentralizado, sem hierarquias estáveis e multifacetado, pleno de ambiguidades.” (pp. 1-3)

"O monitoramento das informações e ações dos indivíduos no ciberespaço é intrínseco a qualquer motor de busca, fazendo parte do seu funcionamento e eficiência.” (p. 4)

"O elo entre o ato de vigiar e a produção de mapas é particularmente explícito na etimologia da palavra inglesa survey, proveniente do latim supervidere (super-visão) e que a partir do século XVI significa também o ato de produzir mapas (SHORT, 2003 apud LEMOS, 2008).” (p. 5)

“"O primeiro é a progressiva naturalização da vigilância como forma de observação, atenção e cuidado, incorporando-se ao repertório social, tecnológico, subjetivo e estético contemporâneo.” (p. 10)

"Ainda mais problemática é a associação dessa postura vigilante-policial à cidadania, presente no cruzamento da vigilância e da participação, segundo processo a ser levado em conta.
Como já se apontou, vigilância e participação se cruzam ao menos de dois grandes modos na cibercultura: nos recursos que as diversas formas de participação proveem à vigilância digital (BRUNO, 2008) na transformação do usuárioprodutor em vigilante.” (p. 11)

"O termo vigilância participativa foi pela primeira vez utilizado por Mark Poster (1990) para apontar que nas novas tecnologias de comunicação não seríamos apenas disciplinados à vigilância, mas à participação.” (p. 12)

"Identificar e problematizar as relações entre vigilância e participação é fundamental para desviar esse potencial do destino policial que lhe reserva uma das faces do impulso participativo na cibercultura.” (p. 13)

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Última atualização em 30 de novembro de 2025