Big%20Data

Santaella, L., & Kaufman , D. (2021). Os dados estão nos engolindo?. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 21(2), 214–223. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.2.39640

Destaques

Rui Alexandre Grácio [2024]

«Big data caracteriza-se não apenas pelo volume, mas por uma rica mistura de tipos e formatos de dados, pela variedade e pela natureza sensível, ao mesmo tempo que marca um desvio do processamento em lote tradicional, velocidade.
Embora tenha se tornando, nos últimos anos, uma espécie de palavra de ordem, sua emergência é fruto de uma série de fatores que vieram se desenrolando a partir do advento da cultura do computador, que trouxe, entre muitos outros fatores, a crescente mudança de escala de processamento computacional e o agigantamento da circulação de informações na internet». (pp. 214-215)

«Embora estejam emparelhados, big data, datificação e dataísmo não são sinônimos. Big data é neutramente definido como o agigantamento e desmesura crescente dos dados gerados, armazenados e disponibilizados pelos meios digitais no mundo contemporâneo. (…) Ao adotar o big data, implicitamente, aceita-se trocar a causalidade e a exatidão pelas correlações que indicam, apenas, a probabilidade de um determinado fenômeno ocorrer. Migramos dos modelos estatísticos baseados em amostragens, relativamente pequenas, para modelos estatísticos baseados em conjuntos volumosos de dados, implicando mudança de natureza, ou de essência como preferem Viktor Mayer-Schonberger e Kenneth Cukier (2013).» (Pp. 216)

«A datificação, por seu lado, apesar de estar umbilicalmente engatada a esse estado de coisas, designa a transformação em dados de todos os aspectos da vida em sociedade, colocando os eventos em um formato quantificável e permitindo analisar e compará-los, ou seja, transformar as atividades cotidianas em informação, essa percebida como nova forma de valor (Mayer-Schonberger e Cukier 2013).» (P. 217)

«Assim, o dataísmo passou a se referir ao culto aos dados como fonte suprema de compreensão do mundo, visão originada entre tecnólogos do Vale do Silício. É, portanto, muito mais uma filosofia, ou melhor, uma ideologia ou uma nova religião, adorada por alguns e abominada por outros, uma nova versão dos conflitos milenares entre fiéis e hereges, apenas que, agora, os templos foram substituídos pelas olímpicas forças do capitalismo de dados, capitalismo de vigilância ou neocolonialismo digital segundo o batismo dos críticos.» (p. 217)

«Para Zuboff (2019) os modelos preditivos de IA, originalmente concebidos para melhorar o desempenho e otimizar os processos, estão sendo utilizados para manipular os indivíduos, comprometendo a prerrogativa básica dos seres humano de pensar e decidir, ou seja, serem agentes.» (p. 221)

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Última atualização em 9 de abril de 2025