Big%20Data

Han, B.-C. (2019). Psicopolítica. Herder.

Recensão

Francisco Welligton Barbosa Jr [2025]

A presente obra, dividida em treze ensaios, trata dos modos como atuam diferentes processos de vigilância e produção de subjetividades na sociedade do rendimento, entre os quais se destacam alguns saberes psis, a ideia de gerenciamento das emoções, de ludificação da vida, as relações com os algoritmos, o Big Data.

Conforme no aponta Byung-Chul Han, na sociedade do rendimento os processos de vigilância e de subjetivação estão cada vez mais sutis. De acordo com o autor, já não é preciso que o indivíduo dirija-se a lugares específicos, que sofra coerções ou coações, ou mesmo seja entrevistado por agentes do Estado para fornecer informações a seu respeito, sejam informações sobre a sua saúde, a sua família, ou sobre as suas preferências de consumo.

Agora existem outros aparatos de vigilância e de captura de informações de cada corpo. O panóptico, característico das sociedades disciplinares, encontra-se transfigurado. Agora ele está dissolvido em algoritmos, que podem captar uma serie de informações sobre cada corpo, inclusive realizar um mapeamento dos seus ditos e não-ditos. Em outras palavras: dos seus modos de desejar.

A partir de cliques, de likes, de acessos a páginas na internet, de vídeos assistidos no YouTube, cada indivíduo oferece informações sobre os seus modos de desejar sem que o perceba. Cada individuo está livre para navegar nas redes, ao mesmo instante que está constantemente vigiado. Os algoritmos, percebendo as suas preferências, oferecem-lhe ofertas consoante ideais de consumo do desejo de cada corpo.

Neste contexto, as redes sociais também se tornaram uma espécie de vitrine para se expor e se compartilhar idealizações de uma vida bem-sucedida conforme os ideais neoliberais: a família ideal, o trabalho ideal, as relações interpessoais ideias. Nestas redes, os indivíduos não apenas apresentam likes em imagens que buscam representar modos de se viver consoante esta lógica capitalística. Eles as compartilham – o que é uma forma de dizerem sobre si próprios. Mais do que isso: os indivíduos sentem uma espécie de necessidade interna de falarem sobre si próprios, de compartilharem as suas informações (inclusive emoções) nestas redes, este campo digital considerado de liberdade ilimitada. E tais informações concedidas podem ser captadas. Em outras palavras: o Big Brother, da obra 1984, de George Orwell, atualmente é digital. E o indivíduo sente-se livre para lhe oferecer todas as suas informações mais íntimas.

A seguir apresentamos alguns trechos retirados da obra.

“La liberta y la comunicación ilimitadas se convierten en control y vigilancia totales” (p. 21)

“El neoliberalismo es el capitalismo del me gusta” (p. 30)

“La biopolítica que se sirve de la estadística de la población no tiene ningún acceso a lo psíquico. No provee ningún material para el psicoprograma de la población. La demografía no es una psicografía. No explora la psique. En esto reside la diferencia entre la estadística y el Big Data. A partir del Big Data es posible construir no solo el psicoprograma individual, sino también el psicoprograma colectivo, quizás incluso el psicoprograma de lo inconsciente. De ese modo sería posible iluminar y explotar a la psique hasta el inconsciente” (p. 38)

“La técnica del poder de régimen neoliberal no es prohibitoria, protectora o represiva, sino prospectiva, permisiva y proyectiva. El consumo no se reprime, se maximiza. No se genera escasez, sino abundancia, incluso exceso de positividad. Se nos anima a comunicar y consumir. El principio de negatividad, que es constitutivo del Estado vigilante de Orwell, cede ante el principio de la positividad. No se reprimen las necesidades, se las estimula. En lugar de confesiones extraídas con tortura, tiene lugar un desnudamiento voluntario. El smartphone sustituye la cámara de tortura. El Big Brother tiene un aspecto amable. La eficiencia de su vigilancia reside en su amabilidad.
El Big Brother benthamiano es invisible, pero omnipresente en la cabeza de los reclusos. Lo han interiorizado. En el panóptico digital nadie se siente realmente vigilado” (p. 61)

“La vigilancia digital es precisamente más efectiva porque es aperspectiva. No tiene la limitación que es propia de la óptica analógica. La óptica digital posibilita la vigilancia desde todos los ángulos. Así, elimina los ángulos muertos. Frente a la lógica analógica, perspectivista, puede dirigir su mirada incluso hacia la psique” (p. 86).

“El Big Data quizá hace legibles aquellos deseos de los que no somos conscientes de forma expresa. En una situación concreta llegamos a desarrollar inclinaciones que nos escapan a nuestra conciencia” (p. 96). 

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Última atualização em 9 de abril de 2025