"'Listen to Google’. From Theism to Humanism to Data-ism” - Yuval Noah Harari

https://www.youtube.com/watch?v=Hw2jBiqZ4N8

«Acho que a coisa crucial que está agora a acontecer, na segunda década do século XXI, é a fusão dessas duas ondas gigantescas. O muro que separa a biotecnologia da infotecnologia está a desmoronar-se, o que se pode ver também no mercado, no qual empresas como a Apple ou a Amazon ou a Google ou o Facebook, que começaram estritamente como empresas de tecnologia da informação, estão cada vez a tornar-se mais biotecnológicas. Porque, na verdade, não há mais nenhuma diferença essencial entre os dois [domínios] e estamos muito próximos do ponto em que, ao contrário do KGB e ao contrário da Igreja Católica, o Facebook ou a Google serão capazes de compreender uma pessoa melhor do que a ela própria, porque eles terão os dados, terão o conhecimento biológico e terão o poder de computação necessário para entender exatamente como é que essa pessoa se sente e por que se sente dessa maneira.
Isto já está a acontecer num campo muito importante, que é o campo de medicina. No campo de medicina já aconteceu, basicamente; a autoridade já começou a mudar drasticamente dos humanos para os algoritmos. Acho que é uma estimativa ou previsão ajustadas dizer que as decisões mais importantes sobre a sua saúde, sobre o seu corpo, durante a sua vida, não irão ser tomadas por si com base em sentimentos, elas serão tomadas com base em algoritmos, com base no que eles sabem de si e sobre o que que você não sabe sobre si mesmo.
Para dar um exemplo prático, da vida real, que gerou muitas manchetes há dois ou três anos, houve uma história muito famosa sobre a Angelina Jolie. Ela fez um teste genético, um teste de DNA, que revelou que ela tinha uma mutação, acho que estava no gene BRCA1. E, de acordo com as estatísticas, de Big data, mulheres que têm essa mutação específica, nesse gene específico, têm 87% de probabilidades de contrair o cancro da mama.
Na época Angelina Jolie não tinha cancro da mama. É claro que fez todos os testes e verificações e não tinha cancro da mama naquela altura, sentia-se perfeitamente bem, saudável, os seus sentimentos revelavam-lhe que estava perfeitamente bem, que não precisava de fazer nada. Contudo, os algoritmos de Big Data contavam-lhe outra história e diziam-lhe que ela tinha uma bomba-relógio no seu DNA e, mesmo que que não sentisse nada de errado, era melhor fazer algo sobre isso, agora. A Angelina Jolie, com muita coragem e sensatez, preferiu ouvir o algoritmo e não os seus próprios sentimentos, e fez uma mastectomia dupla e também publicou a sua história, penso que no New York Times, para incentivar outras mulheres a fazerem testes semelhantes e, talvez, a tomar medidas preventivas semelhantes. Este tipo de cenário, em que os seus sentimentos dizem que você está absolutamente bem, mas algum algoritmo de Big Data, que o conhece, diz não, diz que você não está bem, e você prefere ouvir o algoritmo. creio que será cada vez mais o formato da medicina no século XXI, mas não permanecerá restrito à medicina.
É provável que vejamos uma mudança semelhante na autoridade em quase todos os campos da atividade humana. No passado, digamos, na Idade Média, havia as religiões monoteístas e as religiões politeístas que diziam às pessoas que a autoridade desce das nuvens, dos deuses. Se tiver um problema na sua vida, ouça a palavra de Deus, ouça a Bíblia. Então chega o humanismo dizendo às pessoas: vamos derrubar a autoridade das nuvens para os sentimentos, não dêem ouvidos à Bíblia, não dêem ouvidos a Deus ou ao Papa, ouçam apenas os vossos próprios sentimentos.
Agora estamos a assistir ao surgimento de uma nova visão do mundo, ou de uma nova ideologia, que podemos chamar dataísmo, porque acredita que a autoridade, no final das contas, vem dos dados. E o dataísmo transfere a autoridade de volta para as nuvens, para a nuvem da Google, para a nuvem da Microsoft e o dataísmo diz às pessoas para não darem ouvidos aos seus sentimentos, que ouçam a Google, que ouçam a Amazon, eles sabem como você se sente e sabem também porque se sente assim e, portanto, podem tomar melhores decisões em seu nome.»

Vida digital, algoritmos e dataísmo (2024)

Podcast do investigador Paulo Nuno Vicente
Da inteligência ao Artificial

Da Inteligência ao Artificial é um podcast dedicado a uma missão fundamental: a de descomplicar temáticas e palavras-chave complexas da Inteligência Artificial. O que é um algoritmo? O que é a aprendizagem automática? Como se treina o ChatGPT? Estas são algumas das questões que serão respondidas nas conversas entre uma Inteligência Artificial (assistente virtual) e o autor do programa, o professor Paulo Nuno Vicente. Um olhar sobre a tecnologia que privilegia o conhecimento e a inovação digital.

https://radiocomercial.pt/podcasts/da-inteligencia-ao-artificial

podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md
podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md
podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md
podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md
podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md
podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md
podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md
podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md
podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md
podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md
podcast dainteligenciaaoartificial bauer 1200x630 md

Data grab: the new colonialism of big tech and how to fight back

 Nick Couldry & Ulises A Mejias

In the past, colonialism was a landgrab of natural resources, exploitative labour and land from countries around the world. It promised to modernise and civilise, but actually sought to control. It stole from native populations and made them sign contracts they didn’t understand. It took resources just because they were there. Colonialism has not disappeared – it has taken on a new form. In the new world order, Big Tech companies are grabbing our most basic natural resource – our data – exploiting our labour and connections, and repackaging our information to track our movements, record our conversations and discriminate against us. Every time we click ‘Accept’ on Terms and Conditions, we allow our most personal information to be repackaged by Big Tech companies for their own profit. In this searing, cutting-edge guide, two leading global researchers – and leading proponents of the concept of data colonialism – reveal how history can help us both to understand the emerging future and to fight back.
https://www.youtube.com/watch?v=guaMbf9dqxs&t=412s


Capitalismo de Vigilância / VPRO Documentário


logos%20cllc

Última atualização em 9 de abril de 2025